Janice Lunardon

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Simpatia, Simplicidade e Objetividade.

Objetividade, simplicidade, sinceridade e simpatia, são apenas algumas das características que formam o perfil de Janice Araújo Lunardon, mais uma das mulheres que faz parte do GUCIO-RS (Grupo de Chief Information Officers do Rio Grande do Sul).

Graduada em Engenharia Mecânica, MBA em Gestão Empresarial, há vinte e três anos atua em uma grande empresa no ramo industrial, os últimos onze em TI. Atualmente está trabalhando com SAP.

“Trabalhei muitos anos na área de manutenção mecânica, chão de fábrica, depois migrei para a área de TI, sempre trabalhei com sistemas de gestão. Amava de paixão a matemática, delirava com aqueles cálculos, fórmulas, aquelas coisas todas, depois o destino me fez ir para o outro lado.”, fala com seu imenso sorriso.

Dois detalhes curiosos: seu primeiro estágio foi em processamento de dados e foi a primeira pessoa a utilizar um microcomputador na empresa, “Quando entrei na manutenção era tudo na mão... comecei a usar Lótus, não era Excel era Lótus.”, deixa bem claro o nome da planilha.

Dicas para chegar lá

Ainda muito jovem, Janice tomou uma decisão que se tornou o primeiro passo de sua carreira: escolheu estudar, quando ninguém a aconselhava a isso.

Seu conselho é o mesmo que ela dá para seus filhos que estão na universidade:

“Tem que sempre acreditar que vai dar certo. A gente tem que pensar que não se consegue nada de mão beijada, não tem nada, nada de mão beijada. Tem que estudar muito, e tem que pensar que vai dar certo. Que vai dar muito certo, que dá. Tendo perseverança e indo assim... Bastante dedicação.... As escolhas é o que vai ser da gente.”.


Sobre o GUCIO-RS

Ela participa do grupo há dois anos e pediu licença por não estar participando intensamente nos últimos meses.

“Faz dois anos que eu entrei no grupo e agora faz três meses que pedi licenciamento pretendo voltar, a licença é de um ano. É um grupo muito rico de conhecimento, as pessoas são de um nível muito bom, empresas de todos os segmentos, a gente que trabalha na indústria, tu chega lá e vê o pessoal de hospital, de universidades...”, conta com alegria.

“É um grupo que conseguiu fazer acontecer aqui no Rio Grande do Sul. Um grupo forte e conseguiu fazer com que as coisas fossem representativas.”, diz com orgulho e admiração.

Considera o GU um grupo de amigos, onde todos têm o objetivo de crescer com a troca de experiências.


Sobre a presença da mulher no mercado de TI

Janice percebe que as mulheres estão mais presentes em nível de gestão e coordenação, e que procuram ficar longe das áreas técnicas como infraestrutura.

“O papel da mulher é igual ao do homem, que não tem nada de diferente, nada de especial. É igual não tem por que ser diferente. Se tá diferente tá errado. Tem que ser igual.”, diz ela com tranquilidade.


Competência, sorte ou “QI”?

“Deveria ser a competência tipo 80%, e 20% um pouquinho de sorte, uma velinha pro santo não prejudica.”, começa com um gracejo e logo continua com mais seriedade: “E não deveria ter nada de QI, nada, nada. Mas é que infelizmente hoje no mercado de trabalho o que a gente vê, se tu não tiver QI... É que na verdade o mercado é este, o mundo é este, quem tem indicação, mas só que também não adianta, hoje em dia tu também tu não indica quem não tenha condições, tu não indica quem não tenha competência, é muito complicado porque o teu nome que tá indo em jogo também.”.

“Acho que o QI consegue abrir mais portas, depois para manter essas portas abertas depende de ti. Acho que é o inicio só, o QI serve para abrir as portas, mas para se manter é contigo, competência e um pouco de sorte.”, conclui sorrindo.

Feminismo X Machismo

“Eu não sou nenhum dos dois. Não gosto de nenhum extremo. Não gosto muito de lero-lero, essas coisas, vamos deixar a fitinha cor de rosa em casa.”, faz uma brincadeira.

“Essa coisa de machismo e feminismo não tem isso. Acho que é a gente que faz, é o momento que faz, as situações que podem fazer, às vezes tu podes tá falando essa mulher é uma feminista ou uma machista, mas não, é aquela situação, aquele momento que as vezes tu teve que agir de um jeito até para demonstrar alguma coisa.”, completa tranquila.

Preconceito, Remuneração Diferenciada e Assédio

Janice nunca sofreu preconceito na TI, diferente de quando atuava na área da engenharia mecânica, onde era a única mulher em sua equipe: “Então, se eu comparar com hoje, não acho que tenha preconceito.”.

Em sua opinião, o mais importante não são as aparências ou o sexo e sim a competência, eficiência e eficácia: “Hoje em dia o jeito que tá essa coisa, das empresas redução de custo, atrás de resultado... Quem não proporciona entrega na empresa, não se mantém.”

Sobre assédio, para ela é uma questão de postura, “A mulher tem que abrir o seu espaço, a mulher não se dá ao respeito, não consegue montar a sua carreira. Tem que cortar o mal pela raiz.”, enfatiza.

Na empresa onde atua, não ocorre remuneração diferenciada, possuem uma política salarial homogênea, independente de sexo, “Ouço falar que as mulheres ganham 30% a menos, agora eu não sei baseado em que. Tu vês nas revistas, em reportagens que tem isso. Agora se é real, real mesmo eu não nunca passei por isso, nunca passei.”, constata.

Vida profissional X Vida Pessoal

“Agora, a minha vida tá mais tranquila. Meus filhos são grandes, mas antes eu vou te dizer: não é fácil. É difícil, porque se tu não tens uma boa estrutura... Eu sempre tive um marido muito presente, muito, muito em relação às crianças, desde bebê até agora, senão fosse isso eu não teria conseguido.”, confessa com felicidade.

“É difícil o coração dói muito, tem vezes que é difícil voltar. Eu nunca esqueci o dia que eu voltei a trabalhar quando o meu primeiro filho nasceu... O dia que eu voltei meu Deus do céu, porque tu volta e os teus colegas acham que tu estavas em casa de férias de quatro, três meses naquela época. Não, eu tinha ficado três meses sem dormir, seca, toda assim magérrima, mal com umas olheiras fundas e eles achavam que eu havia passado três meses de férias em casa e que eu não teria direito a nem tirar férias depois.”, relembra.

Janice admite que apesar das dificuldades e de ter aberto mão de muitas coisas pelos filhos, faria tudo novamente: “Eu faria tudo de novo, teria os dois filhos tudo de novo, se tivesse tido condições teria tido mais um até. Vale à pena, vale muito a pena mesmo ter os filhos”.

Sua dedicação é total para os filhos e marido, “Eles são ótimos maravilhosos. Sempre trabalhei para investir na educação dos meus filhos. Sempre pensei: se eu vou comprar um carro novo, uma casa nova, não. O meu filho foi estudar fora agora, o outro filho, se quiser, vai também. Eu sempre vou fazer tudo pela educação deles, porque é o legado que eu posso deixar pra eles.”, revela com serenidade.

Gosta muito do seu trabalho e não se considera viciada, embora trabalhe de dose a quatorze horas diárias. Para relaxar gosta de fazer jardinagem, assistir filmes, também adora caminhar nos parques e viajar. Ela tem quatro cães e adora dar banho neles.

Tem uma vida tranquila e vive em função da família, adora ficar em casa organizando suas coisas ou fazendo um delicioso prato; costumava pintar e fazer artesanato para dar de presente.

Para manter a forma não pratica nenhum esporte, “Só faço ginástica e adoro caminhar. Caminho bastante.”, se abre com simpatia.

Realizações e Desafios

“Pessoalmente eu tenho uma vida estável, a vida que eu escolhi. Amo meus filhos eles são maravilhosos. O Fernando meu marido não posso reclamar. É uma pessoa sempre muito presente. Com eles foi um pai fantástico, desde trocar fraldas, até madrugada, até agora.”, começa seu relato com carinho.

“A viagem que eu acabei de fazer visitando o meu filho, era um sonho. Era uma viagem que eu queria fazer muito, independente de ele ter ido ou não para lá. Minha formatura foi um sonho que eu realizei. Criar os filhos. São uns guris que não tem maldade, eles são muito bons, os amigos deles também. Acho que ter os filhos que tu quis ter é um sonho, e conseguir dar as coisas para eles, e saber que eles vão ir bem. Não sei se eles vão ter dinheiro, eu digo estar bem de cabeça pessoas boas abertas.”, continua com emoção.

Ela tem vontade de morar por alguns meses no exterior, para viver outra cultura, “Uma coisa profissionalmente e até pessoalmente que eu quero fazer ainda, eu não sei quando, eu quero morar, não só viajar de férias, ver a cultura, acompanhar... Eu queria ir para uma cidadezinha como Purmerende, que é a 30km de Amsterdã; ficar ali um mês, numa cidade dessas para ver o dia-a-dia. Morar numa casinha daquelas ali. Eu queria uma cultura assim diferente.”, divide seu sonho.

“Harmonia familiar, para mim é um desafio. Não da família essa de marido e dois filhos. Eu falo da família de irmãos, porque essa harmonia essa união, porque a tendência é meio que a separação. Cada vai ter suas vidas, eu tenho que saber equilibrar meus filhos, eles são muito importante para mim, mas minha mãe tem que continuar sendo importante para mim ainda, eu tenho que dar aquilo que ela precisa. Tu acaba tendo que se dividir em muitas partes para atender todo mundo. Então isso é um desafio, manter essa harmonia de toda a família. Pra mim é um desafio não me sentir culpada, e saber que tem hora para tudo. Que as coisas tem que ser no seu tempo na sua hora.”, encerra com serenidade.

Planos e Perspectivas para o Futuro

“Perspectiva profissional eu quero desenvolver mais, gostaria de continuar na área de gestão. O que penso pro futuro é isso: não quero parar. Eu preciso me sentir ativa pra sociedade, quero ser útil para o País. É saber que o que eu to fazendo aqui irá refletir lá.”, declara.

Mensagem para os leitores

“Todo mundo trabalha porque precisa, porque tem que ser manter. O ser humano tem que ter o equilíbrio. Tem que ser feliz. Tem que trabalhar feliz, trabalhar com motivação, tem que ter motivação para ter o retorno. Passar os dias felizes, ter projetos novos, dar tudo de si, não se lamentar. Tem que ser útil para a empresa e para o País, tem que ajudar o País a crescer e a gente tem que ser útil pra gente mesmo.”, aconselha.

“Tem que pensar que vai dar certo. Tem que acreditar. Mesmo que seja uma mudança radical.”, ressalta com sabedoria.

Para ela a felicidade é uma coletânea de momentos felizes: “Sentir o cheiro das plantas, ter prazer em sentir o cheiro do mato; ouvir o passarinho cantando; o sorriso de uma pessoa. Esse contexto todo é conseguir montar isso e te deixar bem e alegre, não ter angústia... É uma composição de momentos felizes. A felicidade eterna não existe, não existe felicidade pra sempre e nem constante, mas tem que conseguir o maior número de momentos felizes, coletânea de momentos felizes.”.


Janice está com toda a razão, o que nos torna feliz são os pequenos detalhes de cada dia que nos dão prazer e satisfação.

Vamos fazer como ela e aproveitar melhor cada momento vivido?


Muita Paz e muita Luz para todos.
Judith.

 
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